06/11/2016
04/08/2016
O Jogador
“Basta ter coragem, nem que seja
uma única vez, e numa hora posso mudar todo o meu destino. O essencial é a
coragem. Basta lembrar-me do que aconteceu há sete meses em Ruletemburgo, antes
de me arruinar definitivamente. Foi um caso notável de decisão. Nessa altura
tinha perdido tudo, tudo… Ao sair do casino notei que no bolso do casaco havia
um florim: “Pelo menos, ainda tenho com que jantar”, pensei; mas, depois de
andar cem passos, mudei de opinião e dei meia volta. Coloquei o florim no manque (daquela vez fora no manque) e, na verdade, experimenta-se
uma sensação muito especial quando, só, em terra estranha, longe de parentes e
amigos, sem saber o que se vai comer dali a pouco, se aposta o último florim,
exactamente o último!”
Fedor Dostoievski – “O Jogador” -
1866
21/04/2016
05/04/2016
A Ilha
“Continuavam a caminhar em silêncio. Um resmalhar
atrás deles fê-los voltar o rosto. Duas raparigas de bicicleta
ultrapassaram-nos; as suas roupas coloridas e movimentos ágeis sobressaíram no
ar com a vivacidade da vida, as suas vozes alegres foram transportadas pelas
asas do vento durante muito tempo. Desapareceram.
A estrada ficou de novo deserta. Essa estrada que
seguia sempre a direito atá ao infinito azul de mar e céu, despida, com raras
casas à margem, fechadas, aparentemente desabitadas, e aqui e acolá montões de
pedras estéreis; essa estrada plana, igual, sem poeira, surda aos passos,
predominava sobre todos os impulsos da alma, sobre todos os pensamentos, com a
feição de um destino implacável.”
Giani Stuparich – “A Ilha” - 1942
Subscrever:
Mensagens (Atom)