11/04/2019

A Noite e o Riso

“…Dei logo em meter olhos nos que tinham precedido a minha geração temporal em tais praças de ritmo. Penso neles quotidianamente, arrepiado. E mais resmungo réquies lembrando a moribundação de vários companheiros. Vi: grandes mecos da melhor extracção humana rapidamente sorvidos; contaminação de quem, em vez de fazer vida, deixa que o tempo a esboroe com vagares dum oceano lamentável devorando o litoral.
De começo, tudo risota e toca-a-andar. Éramos muito novos e tínhamos as algibeiras cheias de possível – a única moeda inoxidável pela desvalorização normal.”
Nuno Bragança - "A Noite e o Riso" - 1969