31/08/2007


30/08/2007

Jarra "Shiva" de Ettore Sottsass - 1973 (18x7x24,5cm)

27/08/2007

Uma estátua em bolandas

Em reunião recente, as Juntas de Freguesia urbanas de Braga tiveram oportunidade de expressar os seus anseios e ambições a Mesquita Machado. Do rol apresentado ao Presidente da Câmara, a pretensão do Presidente da Junta da Cividade de retirar a estátua de D. João Peculiar do Largo de S. Paulo tem merecido ampla repercussão pública.
O Presidente da Junta da Cividade, Peixoto dos Santos, alega dois motivos principais para justificar a sua pretensão, um de ordem estética, outro de ordem moral: - a escala da estátua não se adequa ao Largo de S. Paulo, ficando “perdida” no meio daquele espaço; - o báculo de forma fálica, desagrada à população em geral e às religiosas que passam frequentemente no local, em particular.
Ao longo do tempo tem ocorrido diversas polémicas em redor de estátuas, monumentos e outra iconografia colocada em lugares públicos. A polémica aparece, invariavelmente, associada à Igreja: - todos se recordam dos casos das pirâmides do monumento ao Papa João Paulo II, da projectada estátua do Cónego Melo, dos painéis heréticos do altar da Cripta do Sameiro e agora a estátua do Arcebispo D. João Peculiar.
Não existindo nenhuma imagem conhecida do antigo Arcebispo de Braga, contemporâneo do rei D. Afonso Henriques, o escultor Raul Xavier deixou a sua imaginação criativa à solta na execução do trabalho. A estátua de corpo inteiro em tamanho real apresenta diversas particularidades, como sejam os traços fisionómicos de “irredutível gaulês”, uma mitra minúscula que mais parece um elmo de guerreiro, as mangas arregaçadas, e com especial destaque o báculo que tem uma evidente forma de pénis.
A estátua foi encomendada pela Câmara de Braga para ser colocada no Largo D. João Peculiar, contíguo à Igreja da Misericórdia e à entrada lateral da Sé Catedral. O pedestal em pedra esteve mesmo colocado no local durante imenso tempo, mas a estátua nunca lá foi colocada. Compreende-se bem porquê.
Qual não terá sido a reacção das autoridades eclesiásticas quando viram a estátua pela primeira vez?...Rapidamente previram a polémica que causaria inserida num dos locais mais nobres e visitados da cidade. Para mais, quando a polémica sobre a estátua do Cónego Melo ainda estava bem acesa. De forma prudente, as autoridades promotoras da estátua decidiram deslocá-la para um local mais discreto.
Como o Largo de S.Paulo tinha sido transformado numa eira, que é a marca registada das intervenções da Câmara nos Largos e Praças da cidade e não havendo no local qualquer adorno ou chafariz foi lá inaugurada em 05 de Dezembro de 2003 a estátua de D. João Peculiar. À parte alguns comentários jocosos e risinhos trocistas dos observadores mais atentos, a coisa não provocou grande alarido.
Entendo que é importante reflectir e discutir sobre o espaço público e as diversas opções para a sua ocupação. No entanto, estranho que só agora, passados quase quatro anos da inauguração, o Presidente da Junta venha expressar publicamente o seu desagrado. Mais se estranha ainda que tenha usado uma imagem do Largo de S. Paulo com a estátua enquadrada para a capa de um folheto editado recentemente pela Junta.
O Presidente da Junta da Cividade, em nome da harmonia do local e dos bons costumes, quer que as autoridades competentes retirem a estátua do local e a recoloquem no Largo D. João Peculiar. A Igreja, pela voz do Bispo Auxiliar D. Antonino Dias, já disse que não quer saber do caso, que “a Câmara é que encomendou a escultura e que a pagou. A diocese nunca foi ouvida”.
Por seu lado, Mesquita Machado além de ter pago com dinheiros do município uma estátua sem concurso, sem critério e sem gosto, ainda afirma à Agência Lusa que desconhece quem é o proprietário da estátua e, com sobranceria, “que não tem tempo a perder com essas coisas”.
Peixoto dos Santos aspira obter um fontanário para substituir a estátua de D. João Peculiar. Esperemos que não receba em troca o chafariz renegado pela Junta de S. João do Souto na mesma reunião com o Presidente da Câmara.
(também publicado na edição de 29/08/2007 do jornal Diário do Minho)
Na sequência da publicação deste texto, o Presidente da Câmara de Braga assegurou ao jornal Correio do Minho (30 de Agosto) que a autarquia “não pagou, não encomendou, nem escolheu a estátua”. Esclareceu ainda que o antigo Deão do Cabido da Sé, Cónego Melo, “é que pode explicar melhor quem mandou fazer e quem a pagou”.
Estes novos desenvolvimentos merecem três comentários:
- folgo em saber que a amnésia de Mesquita Machado foi passageira;
- as novas declarações do presidente da Câmara contradizem completamente as proferidas antes por D. Antonino Dias. Isto é tanto mais grave porque se trata de um alto dignatário da Igreja Católica. Em quem podemos acreditar?;
- definitivamente, as estátuas não proporcionam grandes recordações ao Cónego Melo.

25/08/2007

A Brazileira

Colecção de Calendários Bolso de 1988 - Tip. Oliveira - 1000 ex.

23/08/2007

SWATCH - "Lots of Dots"

O “Lots of Dots” foi o segundo relógio lançado para os membros do Club Swatch. O clube de fãs foi formado em 1990 na Suiça, expandindo-se rapidamente, contando hoje com milhares de membros espalhados por todo o mundo. O relógio “Lots of Dots” foi concebido pelo arquitecto italiano Alessandro Mendini, reputado teórico e editor de revistas (Casabella, Modo, Domus, etc.) e autor de diversas criações para prestigiadas marcas internacionais como a Alessi, Cappellini, Renault, Ritzenhoff, Swarovski, Vitra, etc.
Mendini desenvolveu trabalhos nas mais diversas áreas – arquitectura, escultura, decoração e cenografia, design (jóias, mobiliário, vidro, utensílios, interiores, etc.)

Exerceu também as funções de director artístico da Swatch durante vários anos, tendo desenhado outros modelos para a marca como o “Cosmesis” (GM 103), “Metroscape” (GN 109) e o relógio de mesa “Monumento Mendini” (GZS02).
No “Lots of Dots, Mendini explora as experiências iniciadas em 1978 com a famosa “Proust Chair”, utilizando o padrão pontilhista baseado num pormenor de um quadro do artista pós-impressionista Paul Signac.
O padrão de pontos cobre toda a superfície do relógio, dissolvendo a forma do objecto numa espécie de nebulosa de partículas flamejantes, que dão ao relógio um aspecto mágico e irreal. No centro do mostrador observa-se a assinatura do autor.
O designer italiano recorreu inúmeras vezes no seu trabalho a este tipo de padrão, sendo uma das suas imagens de marca.
Modelo: “Lots of Dots” (GZ 121) – 1991/92
Autor: Alessandro Mendini (Milão, 1931)
Edição: 40.070 exemplares

21/08/2007

Bento Duarte

exposição on the other hand / sombra_clara
título: “registo”
trabalho executado in situ no Museu dos Biscainhos - Braga

20/08/2007

Anakeila e Cry Baby

Fanzine editado no Porto em Junho de 2006 com a participação de Inês Ferreira, Délia Silva, Isabel Carvalho, André Alves, Carla Cruz, Melissa Moreira, Pedro Augusto, Rui Silva e de Bruno Monteiro e Christina Casnellie, que são também os editores. Cada autor ocupa duas páginas, nem sempre apresentadas de forma sequencial. Aparentemente não existe qualquer ideia ou conceito partilhado a ligar os diversos trabalhos, o que é reforçado pelo carácter fragmentário da paginação.
Com uma qualidade geral bastante apreciável, grande diversidade de estilos, técnicas e cores, destacam-se os trabalhos de Isabel Carvalho e de Rui Silva. Por outro lado, o trabalho de André Alves surge um pouco fragilizado, pois a serigrafia não favorece a filigrana minuciosa que é a característica fundamental dos seus desenhos.
Anakeila é serigrafado em cartolina azul clara, em formato A5, inserindo-se na mesma linha das edições da Opuntia Books e dos primeiros fanzines d’O Senhorio.

Christina Casnellie, co-responsável por Anakeila editou também Cry Baby, um fanzine policopiado em tamanho A5. Num estilo muito pessoal, a autora vai desfiando pequenas histórias de pendor reflexivo e/ou autobiográfico, utilizando ou a linguagem da banda desenhada (curtas de duas páginas, no máximo), ou um formato mais próximo da ilustração. Os textos maioritariamente em inglês, versam vários temas, com pendor especial para as questões de género, feminismo, relações de poder e preconceitos vários são as principais linhas condutoras de Cry Baby, sendo natural a sua inserção (criação?) no contexto dos trabalhos e das exposições “All My Independent Women”.

Na última página é apresentado um texto em colunas e letra de imprensa com ilustrações vintage apontando vários conselhos “úteis” aos jovens esposos e cavalheiros, num registo de ironia e humor próximo das histórias da pilinha do saudoso Zundap.
Dois fanzines muito recomendáveis que podem ser solicitados a christinacasnellie@alfaiataria.org ou alfaiatariavisual@gmail.com.

19/08/2007

Campo de Ténis

Bom Jesus do Monte - Braga, Julho 2007

05/08/2007

Univ. Minho - na vanguarda da estratégia?

Em Maio de 2005 foi criado o Conselho Estratégico da Universidade do Minho como órgão de consulta e aconselhamento da Reitoria. Neste tipo de órgão, pretende-se agregar personalidades externas à Universidade, com reputação e domínio dos factores críticos para a UM, tais como: desenvolvimento regional, inovação, transferência de tecnologia, intervenção cultural, internacionalização, etc.
Além da equipa reitoral constituem o Conselho Estratégico (CE), os seguintes elementos: António Carrapatoso (Vodafone), Filipe de Botton (Logoplaste), João Picoito (Siemens), João Salgueiro (Assoc. Port. Bancos), Leonor Beleza (Fund. Champalimaud), Paquete de Oliveira (Provedor RTP), Sérgio Machado Santos (ex-Reitor UM), Carlos Bernardo (ex-Vice Reitor UM e Instituto Ibérico de Nanotecnologia), entre outros nacionais e estrangeiros.
Como estas personalidades ocupam posições de destaque na sociedade e no mundo empresarial podem funcionar como lobby a favor da UM e também como agentes facilitadores de parcerias e colaborações entre a Universidade e as instituições representadas no Conselho. Por outro lado, a agenda profissional sobrecarregada destes elementos impede-os, muitas vezes, de terem a disponibilidade necessária para o seu efectivo envolvimento no CE.
O “think tank” da Universidade do Minho reuniu pela 5.ª vez no final do mês de Julho, num cenário de grande incerteza e instabilidade no ensino superior, com sucessivos cortes orçamentais, “processo de Bolonha”, novo Regime Jurídico, redução do n.º de alunos, aumento das propinas, insucesso escolar e iliteracia, estagnação da economia, ausência de saídas profissionais, etc.

Na sequência desta reunião foi divulgada uma Carta Aberta ao Estado onde, no essencial, se diz que é premente a clarificação do “quadro de apoio financeiro de médio prazo” e o “respeito pelo compromissos plurianuais formalmente assumidos”. Reclamam para as universidades “uma verdadeira autonomia e capacidade de gestão” e “regras de desempenho que não penalizem o sucesso na obtenção de receitas próprias, na redução de custos e na participação em programas internacionais”. Na Carta Aberta refere-se ainda que no quadro do alargamento da UE e da globalização “grande parte das nossas estruturas produtivas não tem condições de sobrevivência”, considerando inadiável uma “maior qualificação dos cidadãos” para que estes disponham de “mais oportunidades e melhor possam realizar as suas aspirações pessoais e profissionais”. Alertam também que a “precaridade e incerteza de expectativas, desencoraja a valorização dos docentes, o aprofundamento dos programas de investigação e o estabelecimento de relações de parceria com actividades empresariais”.
Perante o conteúdo desta Carta Aberta, impõe-se fazer uma pergunta: - será necessário reunir tantos “notáveis” para afirmar aquilo que é óbvio para toda a gente?
(também publicado na edição de 10/08/2007 do jornal Diário do Minho)

01/08/2007

João Noutel

exposição on the other hand / sombra_clara
título: “i'm not confused”
foto: Maximino Gomes