03/09/2015

Orçamento Participativo - Braga 2016

O projecto "Penico do Céu" nasce da necessidade de intervir, comunicar, gerar interacções e criar novas energias com a cidade. É um projecto democrático e de fruição gratuita que pretende facultar o contacto inesperado com o trabalho de autores de diferentes áreas, suscitando reacções de interrogação, surpresa e reflexão. 
A inspiração partiu dos placares públicos informativos que ainda hoje existem em várias cidades, relacionados maioritariamente com obituários, anúncios classificados e divulgação de actividades diversas, pretendendo-se reinventá-los criativamente. O projecto consiste na realização de intervenções artísticas em novos placares ou utilizando estruturas já existentes, como a rede de painéis publicitários espalhados pela cidade. Para além de alguma dose de irreverência, que um projecto como este beneficia, é a situação de exposição a céu aberto que justifica a utilização do epíteto meteorológico como identidade. A programação seria desenvolvida ao longo do ano em quatro edições/estações, recorrendo a sete pontos distribuídos pela cidade. As primeiras edições seriam colectivas e teriam como tema comum as memórias da cidade, podendo ser apresentadas através da fotografia, design gráfico, ilustração, pintura, poesia, história, etc., sendo impressas em papel de acordo com o suporte, preexistente ou não, que venha a ser seleccionado.
Todas as informações relativas ao Penico do Céu e à identificação/localização dos trabalhos estarão disponíveis na Internet.

07/08/2015

The Catcher in the Rye

"Como ainda era cedo quando lá cheguei, sentei-me num daqueles bancos de couro, mesmo por baixo do relógio, e comecei a admirar as raparigas que passavam. Em muitas escolas já havia férias e por isso estavam ali dezenas de miúdas aguardando os namorados. Raparigas com as pernas cruzadas, raparigas com as pernas estendidas, raparigas com pernas formidáveis, raparigas com pernas medonhas, raparigas com aspecto terno, raparigas que certamente não passavam de verdadeiros estupores. Era um belo espectáculo. Em certo sentido, porém, não deixava de ser desagradável, pois comecei a matutar no que viria a acontecer a todas elas quando saíssem da escola ou da Faculdade. Casar-se-iam com tipos ordinários, daqueles que estão sempre a dizer que fazem mil quilómetros com um único galão de gasolina. Tipos que ficam chateados quando perdem um jogo de golf ou mesmo uma estúpida partida de pingue-pongue. Tipos idiotas. Tipos que nunca lêem livros. Tipos maçadores…"
J. D. Salinger - "The Catcher in the Rye" - 1951

02/06/2015

Sérgio Conceição pode continuar?

O jogo da final da Taça de Portugal, foi de certeza, o jogo mais penoso para mim, enquanto adepto do SC Braga há mais de 35 anos. Ainda não consigo acreditar no que aconteceu ontem… Leio as declarações de Sérgio Conceição e fico estupefacto: “Fomos superiores em tudo” – de que é que ele está a falar??! – com menos uma unidade desde os 15 minutos, o Sporting foi superior no tocante à posse de bola, número de ataques, remates, cantos, para não falar na atitude. Ou seja, mesmo em inferioridade numérica, o Sporting foi superior em todas as variáveis determinantes num jogo de futebol. Então Sérgio, fala de quê? – Fomos superiores em quê, afinal? Certamente, só pode estar a referir-se à nossa superior incompetência para controlar e ganhar um jogo, que não podíamos perder da forma que perdemos. Domingo era o nosso dia.

Avalio o trabalho realizado por Sérgio Conceição ao longo da época 2014/15 como globalmente positivo, pois pegou numa equipa desmoralizada pela péssima campanha, que culminou na pior classificação da última década e praticamente com os mesmos jogadores, atingiu o 4.º lugar no Campeonato e realizou um brilhante percurso até à final da Taça de Portugal.

No entanto, não consigo compreender como mantém um jogador como Baiano a titular: Baiano a atacar nunca provoca qualquer desequilíbrio, e os seus cruzamentos para a área são inofensivos; mas de um defesa espera-se, pelo menos, que saiba defender, e Baiano nesse aspecto, é incapaz de ganhar qualquer duelo 1x1 e quando apanha pela frente um jogador mais dotado tecnicamente, defende-se a ele próprio, recuando, recuando, até ao interior da área, com medo de disputar a bola e ser fintado. Enfim, com Sérgio Conceição esta "pérola" é titular indiscutível.

Salvador Agra é outro caso inexplicável – eventualmente, teria valido a pena apostar na sua adaptação a lateral direito, pois muito dificilmente seria pior que Baiano – e com Sérgio Conceição joga sempre. Baixar a cabeça e correr em frente, faz de alguém um jogador de futebol? Em quase duas épocas no SC Braga, a única coisa de jeito que fez, foi marcar um golo ao Benfica, pois tirando isso, tudo o resto é para esquecer.

Colocar Sasso a defesa esquerdo na Final, não lembraria a ninguém, a não ser a Sérgio Conceição: quantas vezes jogou Sasso nessa posição, esta época? Com Tiago Gomes (outra preciosidade) e Pedro Santos no banco, em que estaria Sérgio a pensar, ao colocar Sasso na lateral esquerda? Alguém ainda se lembra do que aconteceu quando Jesualdo teve igual ideia brilhante contra o Sporting em Alvalade?

A derrota na Final da Taça de Portugal, nas condições e circunstâncias em que ocorreu jamais se ultrapassa, nem será esquecida. Por isso, Sérgio Conceição não terá condições para ser o treinador do SC Braga na próxima época – a margem de tolerância será zero e aos primeiros maus resultados (e eles inevitavelmente vão surgir) a contestação será crescente e insustentável, obrigando a Direcção a trocar de treinador com a época a decorrer e isso raramente dá bom resultado. Basta recordarmos Rogério Gonçalves e Jorge Paixão.