05/08/2007

Univ. Minho - na vanguarda da estratégia?

Em Maio de 2005 foi criado o Conselho Estratégico da Universidade do Minho como órgão de consulta e aconselhamento da Reitoria. Neste tipo de órgão, pretende-se agregar personalidades externas à Universidade, com reputação e domínio dos factores críticos para a UM, tais como: desenvolvimento regional, inovação, transferência de tecnologia, intervenção cultural, internacionalização, etc.
Além da equipa reitoral constituem o Conselho Estratégico (CE), os seguintes elementos: António Carrapatoso (Vodafone), Filipe de Botton (Logoplaste), João Picoito (Siemens), João Salgueiro (Assoc. Port. Bancos), Leonor Beleza (Fund. Champalimaud), Paquete de Oliveira (Provedor RTP), Sérgio Machado Santos (ex-Reitor UM), Carlos Bernardo (ex-Vice Reitor UM e Instituto Ibérico de Nanotecnologia), entre outros nacionais e estrangeiros.
Como estas personalidades ocupam posições de destaque na sociedade e no mundo empresarial podem funcionar como lobby a favor da UM e também como agentes facilitadores de parcerias e colaborações entre a Universidade e as instituições representadas no Conselho. Por outro lado, a agenda profissional sobrecarregada destes elementos impede-os, muitas vezes, de terem a disponibilidade necessária para o seu efectivo envolvimento no CE.
O “think tank” da Universidade do Minho reuniu pela 5.ª vez no final do mês de Julho, num cenário de grande incerteza e instabilidade no ensino superior, com sucessivos cortes orçamentais, “processo de Bolonha”, novo Regime Jurídico, redução do n.º de alunos, aumento das propinas, insucesso escolar e iliteracia, estagnação da economia, ausência de saídas profissionais, etc.

Na sequência desta reunião foi divulgada uma Carta Aberta ao Estado onde, no essencial, se diz que é premente a clarificação do “quadro de apoio financeiro de médio prazo” e o “respeito pelo compromissos plurianuais formalmente assumidos”. Reclamam para as universidades “uma verdadeira autonomia e capacidade de gestão” e “regras de desempenho que não penalizem o sucesso na obtenção de receitas próprias, na redução de custos e na participação em programas internacionais”. Na Carta Aberta refere-se ainda que no quadro do alargamento da UE e da globalização “grande parte das nossas estruturas produtivas não tem condições de sobrevivência”, considerando inadiável uma “maior qualificação dos cidadãos” para que estes disponham de “mais oportunidades e melhor possam realizar as suas aspirações pessoais e profissionais”. Alertam também que a “precaridade e incerteza de expectativas, desencoraja a valorização dos docentes, o aprofundamento dos programas de investigação e o estabelecimento de relações de parceria com actividades empresariais”.
Perante o conteúdo desta Carta Aberta, impõe-se fazer uma pergunta: - será necessário reunir tantos “notáveis” para afirmar aquilo que é óbvio para toda a gente?
(também publicado na edição de 10/08/2007 do jornal Diário do Minho)

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