16/07/2025

Pan

“Sinto-me contente por estar só, por ninguém poder ver os meus olhos. Estou encostado à parede de rocha em segurança, sabendo que ninguém me consegue ver pela retaguarda. Uma ave desce em voo picado sobre a aresta da falésia com um grito requebrado; nesse mesmo instante, um pedregulho ali perto solta-se e rola até ao mar. Eu permaneço imóvel naquele sítio por um momento, cedendo às minhas inquietações; sinto um frémito quente de conforto interior por estar ali agradavelmente abrigado, enquanto a chuva se precipita sem cerimónias à minha volta. Abotoo o meu casaco, agradecendo a Deus pelo calor que me proporciona. O tempo corre mais um pouco. Eu acabo por adormecer.”
Knut Hamsun - “Pan” - 1894

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