“Passei a palma da mão no mesmo sítio. Quase desmaiei quando os dois altos me pressionaram a mão. Então era verdade: tínhamos concebido um monstro. Cambaleei até ao piso de baixo. Na pequena divisão onde tínhamos o telefone, junto à cozinha, naquele recanto, fiquei de pé, no escuro, com a cabeça contra a parede, e comecei a chorar de novo.
Agora muitas coisas eram claras, o passado era revelado como um caixote do lixo que se despeja. Porque não era culpa da Joyce. A sua vida tinha sido pura, imaculada. Mas os anos pré-maritais de John Fante foram anos insensatos com namoros confusos. Não faltava motivo para corar; houvera pecados, pecados graves, e, algures neste remoinho nefasto, o castigo fora semeado e agora estava na altura de ceifar a colheita maldita.”
John Fante – “Cheio de Vida” - 1952
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