“Notei as características daquele
mundo silencioso: a imémore arquitectura branca; o ócio forçado que fossilizava
o sistema nervoso; o ar quase africanizado, mas de um Norte de África inventado
por alguém que nunca pusera os pés no Magrebe; a aparente ausência de qualquer
estrutura social; a intemporalidade de um mundo para lá do tédio, sem passado,
sem futuro, com um presente cada vez mais curto. Seria aquilo de facto a
antevisão de um amanhã dominado pelo ócio? Nada podia acontecer naquele domínio
despido de afectos, onde a deriva entrópica acalmava as superfícies de um
milhar de piscinas.”
J. G. Ballard – “Noites de
Cocaína” – 2000
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