"Pixote - a lei do mais fraco" é a terceira obra do realizador Hector Babenco, nascido na Argentina em 1946, mas radicado no Brasil desde os anos setenta. Babenco notabilizou-se depois com filmes como "O Beijo da Mulher Aranha", que valeu um Óscar para William Hurt, "Ironweed" (com Jack Nicholson e Meryl Streep) e "Carandirú".
"Pixote" é baseado no livro “Infância dos Mortos” do escritor José Louzeiro, relatando a história de Pixote (Fernando Ramos da Silva), um rapaz com dez anos, filho de pai incógnito. O filme começa num tom documental, com o realizador a contextualizar a situação económica, judicial e social do Brasil, com uma favela de S. Paulo como pano de fundo. Influenciado pelo neo-realismo italiano (De Sica, em primeiro lugar), e por filmes como “Zero em Comportamento” de Jean Vigo, “Os Olvidados” de Luís Buñuel e “Os 400 Golpes” de François Truffaut, o realizador Hector Babenco filma praticamente tudo com actores não profissionais em cenários e situações de grande realismo.
Após a introdução inicial, a história passa para dentro de um reformatório juvenil onde Pixote é internado, para aí completar a sua "educação" no convívio com todo o tipo de delinquentes. Pixote junta-se a outros menores como Fumaça, Lilica, Dito e Chico, mais por falta de opção do que por convicção. A violência, estupro, corrupção e demonstrações de força, bem como as pequenas alegrias de um jogo de futebol, pontuam o quotidiano dos jovens reclusos.
As mortes de Fumaça e do namorado do travesti Lilica, obrigam o grupo a escapar do reformatório e a partirem para o Rio de Janeiro, iniciando uma nova etapa em jeito de road movie. A narrativa passa do confinamento total do reformatório para os grandes espaços, para as avenidas consumistas e para as praias solarengas. O grupo numa vertigem hedonista e amoral, vai aprimorando os seus esquemas e crimes, culminado no assassinato de Débora, vendedora de droga, por Pixote que logo de seguida vai jogar flippers.
Hector Babenco desafia-nos a olhar Pixote e seus companheiros, não como crianças sem rumo, mas como protagonistas de um rumo-outro, construído na brutalidade e no antagonismo diante do mundo. Amores, cumplicidades, raiva, dúvidas - os jovens criam nas ruas uma nova "família", partilhando banhos nos chafarizes públicos e os cobertores à noite.
A interpretação de Fernando Ramos da Silva é brilhante, conseguindo representar um Pixote simultaneamente inocente e assassino. Fernando, contudo, não conseguiu manter-se a trabalhar como actor e voltou à criminalidade. Acabou morto pela polícia aos 19 anos, deixando esposa e dois filhos. Em 1988, Nick Cave a residir no Brasil, dedica o disco “Tender Prey” a Fernando Ramos da Silva/Pixote.
Brasil, 1981, Cor, 123min - Realizador: Hector Babenco
Produção: Paulo Francini - Argumento: Hector Babenco/Jorge Duran - Fotografia: Rodolfo Sánchez - Montagem: Luiz Elias – Banda Sonora: John Neschling
Após a introdução inicial, a história passa para dentro de um reformatório juvenil onde Pixote é internado, para aí completar a sua "educação" no convívio com todo o tipo de delinquentes. Pixote junta-se a outros menores como Fumaça, Lilica, Dito e Chico, mais por falta de opção do que por convicção. A violência, estupro, corrupção e demonstrações de força, bem como as pequenas alegrias de um jogo de futebol, pontuam o quotidiano dos jovens reclusos.
As mortes de Fumaça e do namorado do travesti Lilica, obrigam o grupo a escapar do reformatório e a partirem para o Rio de Janeiro, iniciando uma nova etapa em jeito de road movie. A narrativa passa do confinamento total do reformatório para os grandes espaços, para as avenidas consumistas e para as praias solarengas. O grupo numa vertigem hedonista e amoral, vai aprimorando os seus esquemas e crimes, culminado no assassinato de Débora, vendedora de droga, por Pixote que logo de seguida vai jogar flippers.
Hector Babenco desafia-nos a olhar Pixote e seus companheiros, não como crianças sem rumo, mas como protagonistas de um rumo-outro, construído na brutalidade e no antagonismo diante do mundo. Amores, cumplicidades, raiva, dúvidas - os jovens criam nas ruas uma nova "família", partilhando banhos nos chafarizes públicos e os cobertores à noite.
A interpretação de Fernando Ramos da Silva é brilhante, conseguindo representar um Pixote simultaneamente inocente e assassino. Fernando, contudo, não conseguiu manter-se a trabalhar como actor e voltou à criminalidade. Acabou morto pela polícia aos 19 anos, deixando esposa e dois filhos. Em 1988, Nick Cave a residir no Brasil, dedica o disco “Tender Prey” a Fernando Ramos da Silva/Pixote.
Brasil, 1981, Cor, 123min - Realizador: Hector Babenco
Produção: Paulo Francini - Argumento: Hector Babenco/Jorge Duran - Fotografia: Rodolfo Sánchez - Montagem: Luiz Elias – Banda Sonora: John Neschling
Actores: Fernando Ramos da Silva, Marília Pêra, Jardel Filho, Jorge Julião, Rubem de Falco, Elke Maravilha, Tony Tornado, Gilberto Moura, Edilson Lino…
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