04/08/2016

O Jogador

“Basta ter coragem, nem que seja uma única vez, e numa hora posso mudar todo o meu destino. O essencial é a coragem. Basta lembrar-me do que aconteceu há sete meses em Ruletemburgo, antes de me arruinar definitivamente. Foi um caso notável de decisão. Nessa altura tinha perdido tudo, tudo… Ao sair do casino notei que no bolso do casaco havia um florim: “Pelo menos, ainda tenho com que jantar”, pensei; mas, depois de andar cem passos, mudei de opinião e dei meia volta. Coloquei o florim no manque (daquela vez fora no manque) e, na verdade, experimenta-se uma sensação muito especial quando, só, em terra estranha, longe de parentes e amigos, sem saber o que se vai comer dali a pouco, se aposta o último florim, exactamente o último!”
Fedor Dostoievski – “O Jogador” - 1866