07/08/2015

The Catcher in the Rye

"Como ainda era cedo quando lá cheguei, sentei-me num daqueles bancos de couro, mesmo por baixo do relógio, e comecei a admirar as raparigas que passavam. Em muitas escolas já havia férias e por isso estavam ali dezenas de miúdas aguardando os namorados. Raparigas com as pernas cruzadas, raparigas com as pernas estendidas, raparigas com pernas formidáveis, raparigas com pernas medonhas, raparigas com aspecto terno, raparigas que certamente não passavam de verdadeiros estupores. Era um belo espectáculo. Em certo sentido, porém, não deixava de ser desagradável, pois comecei a matutar no que viria a acontecer a todas elas quando saíssem da escola ou da Faculdade. Casar-se-iam com tipos ordinários, daqueles que estão sempre a dizer que fazem mil quilómetros com um único galão de gasolina. Tipos que ficam chateados quando perdem um jogo de golf ou mesmo uma estúpida partida de pingue-pongue. Tipos idiotas. Tipos que nunca lêem livros. Tipos maçadores…"
J. D. Salinger - "The Catcher in the Rye" - 1951