20/08/2013

Noites de Cocaína

“Notei as características daquele mundo silencioso: a imémore arquitectura branca; o ócio forçado que fossilizava o sistema nervoso; o ar quase africanizado, mas de um Norte de África inventado por alguém que nunca pusera os pés no Magrebe; a aparente ausência de qualquer estrutura social; a intemporalidade de um mundo para lá do tédio, sem passado, sem futuro, com um presente cada vez mais curto. Seria aquilo de facto a antevisão de um amanhã dominado pelo ócio? Nada podia acontecer naquele domínio despido de afectos, onde a deriva entrópica acalmava as superfícies de um milhar de piscinas.”
J. G. Ballard – “Noites de Cocaína” – 2000